sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O poder da JBS e o drama do produtor


Estou ensaiando escrever esse post  há muito tempo, mas alguma notícia mais urgente ou outro compromisso qualquer sempre me faz engavetá-lo temporariamente. Mas de hoje não passará... Afinal no curto espaço de 50 dias corridos do ano de 2013 tivemos três fatos relevantes ligados à Holding J&F e aos irmãos Batista. A saber:

O Presidente da JBS, Wesley Batista, assumirá a presidência do LIDE Industria; braço industrial do grupo LIDE, de João Dória Jr. Esse grupo é formado por líderes empresariais brasileiros que debatem os rumos da economia do país com o objetivo de aumentar a competitividade, a eficiência e a lucratividade nos negócios. Atualmente conta com 1224 empresas filiadas que respondem por 47% do PIB privado do Brasil.    

Há dois dias atrás o mercado foi sacudido com a notícia da compra do Canal Rural pela J&F, a controladora dos negócios da família Batista, em um negócio de R$ 150 milhões. De acordo com a empresa o potencial de mídia do canal será usado prioritariamente para expandir a influência do braço financeiro do Grupo, o Banco Original, instituição voltada ao financiamento de equipamentos agrícolas e custeio de produção que quer tornar-se um banco de varejo de pelo menos porte médio.

Hoje recebemos nova notícia. A Vigor Alimentos, controlada da J&F voltada para a industria laticínia , comprou 50% de participação na mineira Itambé, concorrente no setor.  A operação , que ainda precisa ser aprovada pelo CADE ( Conselho Administrativo de Defesa Econômica) foi da monta de R$ 410 milhões de Reais. O Objetivo principal da operação é ter nos mercados de Rio de Janeiro e Minas Gerais a mesma fatia que a Vigor tem em São Paulo.

Além dessas três notícias, podemos citar várias outras mais antigas, como a compra (depois desfeita) da combalida Construtora Delta , as aquisições quase monopólicas de processadores de proteína em recuperação judicial e a pré-candidatura de José Batista Junior, o irmão mais velho, ao governo de Goiás (  grande estado pecuarista) na eleição de 2014.   Tudo isso só reforça a grande influência que os irmãos goianos tem hoje no meio rural e empresarial brasileiro. Uma influência tão grande quanto perigosa, visto que a manter-se o apetite por aquisições e expansões em pouco tempo os produtores só terão como alternativa de venda as empresas  do grupo JBS, oque é contra toda e qualquer idéia de livre concorrência e mercado competitivo.

Isso já ocorre em algumas micro-regiões, como por exemplo o estado do Mato Grosso, tradicional produtor de carne bovina, que conta com 18 plantas frigoríficas para abate. Dessas, 11 ( vc não leu errado...) são da JBS ou seja mais de 50% do abate do estado de maior rebanho bovino do país está na mão de apenas uma empresa. Na região nordeste do estado as únicas três unidades de abate em funcionamento são do grupo o que faz om que os produtores negociem ao preço estabelecido pelo grupo ou simplesmente não escoem sua produção.

O governo brasileiro, que é sócio da empresa via BNDESPAR parece não estar preocupado com as consequências dessa concentração tão grande de mercado e continua mostrando-se disposto a investir nas idéias dos controladores do grupo.

 A história já mostrou que nessas situações os maiores prejudicados são justamente a parcela da população que mais precisa de proteção , os pequenos produtores e o consumidor final  , que corre o risco de perder qualidade de produtos pela falta de concorrência e de pagar mais caro pelo item mais importante para sua sobrevivência: Os alimentos .  





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